A LENDA DE BALA PERDIDA
Bala Perdida era de quem o pegasse.
Homem de domínio público, não cobrava royalties, mas não vendia a prazo. Tudo com ele era à vista. Não ligava no dia seguinte, embora sempre pedisse o telefone das senhoritas que beijava. Acreditava que pedir o telefone era uma espécie de elogio obrigatório.
Bala Perdida tinha um quê de Clint Eastwood nos faroestes de antigamente, “The Man with No Name”. Chegava com a autoridade de quem anda armado, olhava o povoado como quem se candidata a xerife e fazia a justiça conforme lhe parecesse melhor. Depois saía, num trote solitário, disparados os tiros necessários. Espírito sem raízes, pedra que rola sem criar limo, teve a sorte de até hoje todos os DNAs terem dado negativo. Não era de olhar para trás.
Seu nome era conhecido na cidade. Falava-se que, um dia, todas as mulheres por quem passou fariam um bloco de carnaval de proporções retumbantes. Ele, no entanto, negava essa fama, não queria homenagens. Olhava-se no espelho e sabia que tinha uma missão.
Tinha péssima memória para nomes de homens. Lembrava da Lição de François Truffaut, que não tolerava companhia masculina depois das sete da noite. Se fazia alguma exceção, era nos dias em que jogava bola.
Por uma questão de elegância e outra de superstição, usava sempre a mesma marca de preservativo, por apreciar o corte. Sonhava com o dia em que seria descoberta a cura da camisinha.
Bala Perdida não tinha lá muitos critérios de beleza, nem fazia questão disso. ”Não julgue para não ser julgado” era outro dos mandamentos de seu credo particular. Rezava a cartilha do Dogma de São Jorge: “Dragão se mata na Lua, e não na frente dos amigos.” Foi assim que descobriu que há mulheres para os fins de semana no cinema e mulheres para as noites mortas de segunda e terça, às quais só ao porteiro da noite era dado conhecer.
Assim era Bala Perdida, homem de cristalinas intenções e temperamento rude. Um cavalheiro que não usava fio dental, um cotovelo que nunca viu hidratante. Sua arma era o olhar pontiagudo, seu disparo a frase de sempre, sem volteios:
“E aí, gata… BORA curtir nossas sexualidades?”
Homem que simplificava, espalhou felicidade no mundo sem levar nada em troca. Viu a beleza que cabia a cada mulher com precisão. Como só pegava de raspão, Bala Perdida nunca matou ninguém. Nunca precisou deixar saudades.
Era apenas a sua missão
(Texto retirado do blog da Maria Filó)
imagem: http://imagens.kboing.com.br/papeldeparede/1328cowboy.jpg
Bala Perdida era de quem o pegasse.
Homem de domínio público, não cobrava royalties, mas não vendia a prazo. Tudo com ele era à vista. Não ligava no dia seguinte, embora sempre pedisse o telefone das senhoritas que beijava. Acreditava que pedir o telefone era uma espécie de elogio obrigatório.
Bala Perdida tinha um quê de Clint Eastwood nos faroestes de antigamente, “The Man with No Name”. Chegava com a autoridade de quem anda armado, olhava o povoado como quem se candidata a xerife e fazia a justiça conforme lhe parecesse melhor. Depois saía, num trote solitário, disparados os tiros necessários. Espírito sem raízes, pedra que rola sem criar limo, teve a sorte de até hoje todos os DNAs terem dado negativo. Não era de olhar para trás.
Seu nome era conhecido na cidade. Falava-se que, um dia, todas as mulheres por quem passou fariam um bloco de carnaval de proporções retumbantes. Ele, no entanto, negava essa fama, não queria homenagens. Olhava-se no espelho e sabia que tinha uma missão.
Tinha péssima memória para nomes de homens. Lembrava da Lição de François Truffaut, que não tolerava companhia masculina depois das sete da noite. Se fazia alguma exceção, era nos dias em que jogava bola.
Por uma questão de elegância e outra de superstição, usava sempre a mesma marca de preservativo, por apreciar o corte. Sonhava com o dia em que seria descoberta a cura da camisinha.
Bala Perdida não tinha lá muitos critérios de beleza, nem fazia questão disso. ”Não julgue para não ser julgado” era outro dos mandamentos de seu credo particular. Rezava a cartilha do Dogma de São Jorge: “Dragão se mata na Lua, e não na frente dos amigos.” Foi assim que descobriu que há mulheres para os fins de semana no cinema e mulheres para as noites mortas de segunda e terça, às quais só ao porteiro da noite era dado conhecer.
Assim era Bala Perdida, homem de cristalinas intenções e temperamento rude. Um cavalheiro que não usava fio dental, um cotovelo que nunca viu hidratante. Sua arma era o olhar pontiagudo, seu disparo a frase de sempre, sem volteios:
“E aí, gata… BORA curtir nossas sexualidades?”
Homem que simplificava, espalhou felicidade no mundo sem levar nada em troca. Viu a beleza que cabia a cada mulher com precisão. Como só pegava de raspão, Bala Perdida nunca matou ninguém. Nunca precisou deixar saudades.
Era apenas a sua missão
(Texto retirado do blog da Maria Filó)
imagem: http://imagens.kboing.com.br/papeldeparede/1328cowboy.jpg
Um comentário:
Oi, Carol!
Agora que eu vi a nova capa do blog. Está bonita! Parabéns!
beijão
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