segunda-feira, 14 de setembro de 2009

E tome gravata!

“Você que não pára pra pensar
Que o tempo é curto e não pára de passar
Você vai ver um dia, que remorso!”
Não é a primeira vez que cito Vinícius de Moraes nos meus textos. Sábio Vinícius. Além de poeta, um visionário. Ele canta o que precisamos ouvir. Mas nempre paramos para escutar. Ou para prestar atenção!

Ontem, meu eterno amigo Vinícius me deu um cutucão. Pregou um sermão! A música, chamada Testamento, soou como se tivesse sido escrita especialmente para mim. O que adianta trabalhar demais, a única coisa que levará para o caixão é a roupa que estará vestindo para a ocasião.

O que adianta? “Amor sem paixão, o corpo sem alma, o pensamento sem espírito(e tome gravata!) e lá um belo dia, o enfarte; ou, pior ainda, o psiquiatra”. Grande Vinícius.

É preciso desligar. Parar para ver o sol se pôr. Ou raiar. Dicas do poeta. É um exercício árduo para quem tem responsabilidade demais. Conseguirei. Um dia...

Pare para pensar! A resposta, na maioria das vezes, pode estar numa música, na tv, num livro ou até na Bíblia. É incrível como encontramos a mensagem exata quando precisamos. É um empurrão subliminar, um puxão espiritual, um berro que não ensurdece!

“Ei, mané, qualé? O que têm feito da sua vida?”

Preste atenção nos sinais e verá que não falo bobagem!


“Como é bom parar
Ver um sol se pôr
Ou ver um sol raiar
E desligar, e desligar”



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Letra da música na íntegra:

Testamento
Vinicius de Moraes
Composição: Vinicius de Moraes / Toquinho

Você que só ganha pra juntar
O que é que há, diz pra mim, o que é que há?
Você vai ver um dia
Em que fria você vai entrar
Por cima uma laje
Embaixo a escuridão
É fogo, irmão! É fogo, irrnão!

“Pois é, amigo, como se dizia antigamente, o buraco é mais embaixo... E você com todo o seu baú, vai ficar por lá na mais total solidão, pensando à beça que não levou nada do que juntou: só seu terno de cerimônia. Que fossa, hein, meu chapa, que fossa...”

Você que não pára pra pensar
Que o tempo é curto e não pára de passar
Você vai ver um dia, que remorso!

Como é bom parar
Ver um sol se pôr
Ou ver um sol raiar
E desligar, e desligar

Mas você, que esperança... Bolsa, títulos, capital de giro, public relations (e tome gravata!), protocolos, comendas, caviar, champanhe (e tome gravata!), o amor sem paixão, o corpo sem alma, o pensamento sem espírito (e tome gravata!) e lá um belo dia, o enfarte; ou, pior ainda, o psiquiatra

Você que só faz usufruir
E tem mulher pra usar ou pra exibir
Você vai ver um dia
Em que toca você foi bulir!

A mulher foi feita
Pro amor e pro perdão
Cai nessa não, cai nessa não

Você, por exemplo, está aí com a boneca do seu lado, linda e chiquérrima, crente que é o amo e senhor do material. É, amigo, mas ela anda longe, perdida num mundo lírico e confuso, cheio de canções, aventura e magia. E você nem sequer toca a sua alma. É, as mulheres são muito estranhas, muito estranhas

Você que não gosta de gostar
Pra não sofrer, não sorrir e não chorar
Você vai ver um dia
Em que fria você vai entrar!
Por cima uma laje
Embaixo a escuridão
É fogo, irmão! É fogo, irmão!


imagem: http://tempoesia.files.wordpress.com/2009/08/vinicius_de_moraes.jpg
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