Que o tempo é curto e não pára de passar
Você vai ver um dia, que remorso!”
Ontem, meu eterno amigo Vinícius me deu um cutucão. Pregou um sermão! A música, chamada Testamento, soou como se tivesse sido escrita especialmente para mim. O que adianta trabalhar demais, a única coisa que levará para o caixão é a roupa que estará vestindo para a ocasião.
O que adianta? “Amor sem paixão, o corpo sem alma, o pensamento sem espírito(e tome gravata!) e lá um belo dia, o enfarte; ou, pior ainda, o psiquiatra”. Grande Vinícius.
É preciso desligar. Parar para ver o sol se pôr. Ou raiar. Dicas do poeta. É um exercício árduo para quem tem responsabilidade demais. Conseguirei. Um dia...
Pare para pensar! A resposta, na maioria das vezes, pode estar numa música, na tv, num livro ou até na Bíblia. É incrível como encontramos a mensagem exata quando precisamos. É um empurrão subliminar, um puxão espiritual, um berro que não ensurdece!
“Ei, mané, qualé? O que têm feito da sua vida?”
Preste atenção nos sinais e verá que não falo bobagem!
“Como é bom parar
Ver um sol se pôr
Ou ver um sol raiar
E desligar, e desligar”
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Letra da música na íntegra:
Testamento
Vinicius de Moraes
Composição: Vinicius de Moraes / Toquinho
Você que só ganha pra juntar
O que é que há, diz pra mim, o que é que há?
Você vai ver um dia
Em que fria você vai entrar
Por cima uma laje
Embaixo a escuridão
É fogo, irmão! É fogo, irrnão!
“Pois é, amigo, como se dizia antigamente, o buraco é mais embaixo... E você com todo o seu baú, vai ficar por lá na mais total solidão, pensando à beça que não levou nada do que juntou: só seu terno de cerimônia. Que fossa, hein, meu chapa, que fossa...”
Você que não pára pra pensar
Que o tempo é curto e não pára de passar
Você vai ver um dia, que remorso!
Como é bom parar
Ver um sol se pôr
Ou ver um sol raiar
E desligar, e desligar
Mas você, que esperança... Bolsa, títulos, capital de giro, public relations (e tome gravata!), protocolos, comendas, caviar, champanhe (e tome gravata!), o amor sem paixão, o corpo sem alma, o pensamento sem espírito (e tome gravata!) e lá um belo dia, o enfarte; ou, pior ainda, o psiquiatra
Você que só faz usufruir
E tem mulher pra usar ou pra exibir
Você vai ver um dia
Em que toca você foi bulir!
A mulher foi feita
Pro amor e pro perdão
Cai nessa não, cai nessa não
Você, por exemplo, está aí com a boneca do seu lado, linda e chiquérrima, crente que é o amo e senhor do material. É, amigo, mas ela anda longe, perdida num mundo lírico e confuso, cheio de canções, aventura e magia. E você nem sequer toca a sua alma. É, as mulheres são muito estranhas, muito estranhas
Você que não gosta de gostar
Pra não sofrer, não sorrir e não chorar
Você vai ver um dia
Em que fria você vai entrar!
Por cima uma laje
Embaixo a escuridão
É fogo, irmão! É fogo, irmão!
imagem: http://tempoesia.files.wordpress.com/2009/08/vinicius_de_moraes.jpg
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