terça-feira, 1 de março de 2011

Há espaço para mais gente?


Há mais gente no mundo. Não há outra explicação. Nasci numa Brasília pacata, totalmente diferente de hoje. Nasci numa cidade onde conhecíamos o mendigo do bairro: apenas um. Ele prometia animaizinhos de estimação para as crianças. Não bastou muito e cresci no ritmo de um relâmpago. Mudei de casa. Fui para um bairro novinho em folha, chamado Sudoeste, há 17 anos. O local, até há alguns anos, tinha o segundo metro quadrado mais caro do país. Bela porcaria! Hoje é lugar mais sujo e inchado que já vi. Lotado de pessoas, um trânsito infernal a qualquer hora, cheia de mendigos e bêbados, a coleta de lixo nem sempre funciona e fede! Fede por causa das pessoas egoístas, fede por causa do lixo, fede por causa dos bêbados, fede por estar cheio de crianças mal educadas pelas suas babás (lê-se babás, a mãe foi trabalhar, o pai foi para a roça, sei lá...).


Bom, voltando ao assunto da Brasília pacata. Depois de um tempo morando no sudoeste, apareceu o "All right", um mendigo que morava aqui perto, o único do bairro. Ele falava inglês, acredite se quiser e tinha família, mas preferia morar na rua. Ele e a sua cachorrinha eram inseparáveis, o maior barato. A cada vez que via o "All right" era uma cena para se contar e guardar na memória. Uma vez, ele vestia uma camisola imensa, escrita Jesus, e tinha um cigarro numa mão e um quibe na outra. Hilário! E gostávamos do "All right". Escrevo no passado pois ele faleceu em 2010. Morreu de frio. A cachorrinha dele não se desgrudou do falecido até que alguém viu que o simpático mendigo havia passado dessa para outra. A história foi publicada no Correio Braziliense. Todos conheciam "All right". Ficamos tristes.


"All right" deixou substitutos, mas não como ele. São pessoas más que assaltam os próprios trabalhadores do Sudoeste. Manicures, massagistas, gente que faz, que trabalha é assaltada o tempo todo aqui nesta área. Passam cheirando drogas pelos edifícios. Isso sem contar os bêbados agressivos. No último sábado, na hora do almoço, um bêbado nos abordou na saída da quadra e foi violento. A sorte é que estávamos dentro do carro com os vidros fechados. Ele apenas bateu a mão no vidro com raiva. Ufa, desta vez, escapamos!


O que quero expressar é que tem sido mais difícil viver. Brasília não é mais a mesma. Todos os restaurantes são lotados, todos os estacionamentos abarrotados, há gente e carros por todos os lados. Penso que já que está difícil viver, seria até uma irresponsabilidade colocar uma criança no mundo. Seria bacana se a maior parte das mulheres pensassem assim. Mas, claro, elas têm que realizar o sonho de ser mãe, ou seja, de delegar a maternidade para a babá. Mas aqui é outra história, inclusive já abordada aqui no blog: o papel de ser mãe. Vai entender o ser humano, vai...


E que assim seja...Amém. Que Deus nos proteja desta selva louca, chamanda mundo e do ser humano, o mais doido de todas as espécies.


imagem: http://ela-aquariana.blogspot.com/2009_01_01_archive.html

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