A primeira vez se fez em susto
pois o que se inaugura tranborda em taças.
A primeira vez é sempre única
é o primeiro dia do ano
a primeira vez que se sai juntos para jantar
a primeira briga
É a primeira vez que o mineiro vê o mar. Que delícia!
Quem não sabe da primeira vez
não sabe o que é amar
ignora a palavra emoção
esqueceu o que é brincar
Quem não se lembra nem da primeira vez
pouco provável que se dará a segunda vez.
Ah, a primeira vez é correr atrás do trem,
tomar banho de chuva,
contar os dias, as horas, os minutos para se fazer surpresa no saguão do desembarque (seja qual ele for)
é se lambuzar de sorvete
é desenhar corações no carro sujo do namorado
e, sem saber do quê, achar graça.
A primeira vez é ter sete anos e aprender a andar de patins
é ter um segredo, uma chave que abre todas as portas e a ilha certa.
É ser grande, pequeno, boboca, e sábio
tudo ao mesmo tempo.
É ter a emoção nas mãos, o coração aos pulos e as pernas bambas.
Amar pela primeira vez é ser super-herói, justiceiro e parceiro.
É não saber, mas querer aprender.
Amar pela primeira vez é se alfabetizar novamente
nas letras do corpo, nas formas do outro e...
...ver-se abrir não um livro, mas uma enciclopédia que se quer dominar.
Pela primeira vez se fazer amar
é ser anão e gigante, se sentir forte e diferente,
é soltar os cabelos ao vento e dirigir rumo a qualquer lugar...
e acima de tudo...
reconhecer-se na segunda vez!
2 comentários:
Que bonito ^;^
Ei Carol!!! Adorei este poema...Tão delicado...
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